Alma (trans)Lúcida

Cada um de nós tem um percurso. Cada pessoa tem uma alma. Essa alma traça um caminho, Mas com muita calma, Os nossos pés trilham outro.   Cada um de nós tem uma insígnia, Tatuada, bem fundo, no coração. Mas quando ele bate, bate, Essa divisa perde coloração, Acabando por se esquecer.                                                [A razão por que bate]   É tão mais fácil esquecer, Trilhar outro caminho, Longe da dor, do sofrimento, Fugir de dar carinho, A quem precisa.   É difícil encarar a realidade, Que está mesmo ao nosso lado, Em quem gostamos, amamos, Num sofrimento indeterminado… E nós seguimos, pra sofrermos.              ...

O tempo é tramado.   Quando somos bebés, não o conhecemos, se ele passa ou não, é-nos indiferente. Nessa altura da nossa vida somos adultos na nossa pequenez, e bebés na nossa grandeza.   Crescemos mais um pouco, somos crianças e começamos a ter uma leve noção de que existe o tempo, aquele que passa, o que faz tocar a campainha da escola. Também sabemos que é devido ao tempo que  nunca mais chegam as férias, nunca mais chega o nosso aniversário, nunca mais chega o Natal... O tempo é "chato"! É uma "chatice" esperar: queremos que o tempo passe.   Mais uns anitos e está a adolescência à espreita. Chega o momento em que "nunca mais temos  idade para...". É um problema, os dias são lentos, e as semanas quase estagnam. Não se entende a lentidão do tempo. Queremos ter idade para fazer isto... e aquilo! Mas a idade está de mãos dadas com o tempo... Por isso pensamos que cada dia que passa, ficamos mais velhos, somos os maiores, os melhores... Ai...

Sadness Painting - Veronika Logar Quem não sabe o que é sentir descontentamento? Senti-lo porque existe, e senti-lo porque não existe motivo para o sentir. Confuso, não? Mas, à parte das confusões, a verdade é que ele está lá. E sentimo-lo. O problema é que, como não sabemos o motivo, desconhecemos a cura. Assim persiste, existe, coexiste com a nossa existência. No entanto, a situação pode piorar. Isso acontece quando ouvimos descontentamento nos suspiros das pessoas que nos rodeiam. E sabendo o que fazer, não há nada a fazer. Estamos de mãos e pés atados. Então, suspiramos também...  

Há uns anos atrás existiu uma menina que foi muito, mas muito feliz. Agora, existe uma pessoa que não é nem criança nem adulto. Nem nova nem velha. Essa pessoa tem tudo, mas não tem nada. Ela é feliz, mas sente um vazio. Como pode ela explicar isso? Eu não sei. Digo-lhe que é impossível sentir-se assim, com sentimentos antónimos, opostos, contrários! Ela olha pra mim e sorri. Abana a cabeça e baixa-a. Deixa escorrer uma lágrima, na face coberta pelos seus cabelos negros. Olhando eu pro espelho, ela sussurra: "É que dessa criança, só tenho lembrança..." "Reflection In The Mirror, by Donna Delacuesta.SY"