O tempo é tramado.
Quando somos bebés, não o conhecemos, se ele passa ou não, é-nos indiferente. Nessa altura da nossa vida somos adultos na nossa pequenez, e bebés na nossa grandeza.
Crescemos mais um pouco, somos crianças e começamos a ter uma leve noção de que existe o tempo, aquele que passa, o que faz tocar a campainha da escola. Também sabemos que é devido ao tempo que nunca mais chegam as férias, nunca mais chega o nosso aniversário, nunca mais chega o Natal... O tempo é "chato"! É uma "chatice" esperar: queremos que o tempo passe.
Mais uns anitos e está a adolescência à espreita. Chega o momento em que "nunca mais temos idade para...". É um problema, os dias são lentos, e as semanas quase estagnam. Não se entende a lentidão do tempo. Queremos ter idade para fazer isto... e aquilo! Mas a idade está de mãos dadas com o tempo... Por isso pensamos que cada dia que passa, ficamos mais velhos, somos os maiores, os melhores... Ai, ai, como a adolescência nos incha.
Finalmente chegamos à tão ansiada juventude: na teoria, a melhor época das nossas vidas. (Para mim, até ao presente, foi sem dúvida a segunda. O primeiro lugar pertence à minha infância.)
A juventude é desejada pois podemos sair à noite, namorar, fazemos o que quisermos e não conhecemos bem a palavra "consequências". O significado desta palavra tende a ser apreendido com o passar do tempo... O tempo ainda não teve tempo para nos ensinar as prioridades de importância, por isso a família muitas vezes é um apêndice e os amigos o nosso oxigénio. Tolos somos.
Depois chegamos à idade adulta. Aí começam os nossos problemas. Aqui, neste momento, já queremos que o tempo passe mais lentamente. O tempo já não é "chato", é sim muito rápido. Ele não se estica, não chega para os amigos, nem tão pouco para a família. A solução é então atolarmo-nos em trabalho, de modo que "nem pensemos mais nisso".
A verdade, aquela que todos sabemos, é que o tempo não tem culpa seja do que for. É uma invenção nossa, para não nos perdermos.
No entanto, o que acontece é que o tempo, primeiro, nos perde; depois encontra-nos e mantém-nos por perto; para que no fim nos possa esquecer...
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