Sinto o que escorre pelos meus dedos, Palavras molhadas do suor de outrem, Do trabalho de quem descansa, E do descanso de quem se mata para sustentar quem? São revoltas caladas nestas bocas, São gritos soltos por estas portas, São expressões fartas da vida, E vida farta destas pessoas, que vivem mortas. Se queres falar, escreve, Porque estes autómatos não irão parar Pois ninguém te ouve nesta surdina, Que invade o nosso dia-a-dia, vivemos para gastar. Gastar o que não temos, Gastar no que não precisamos, Em vez de gastar carinho, meu amor, Gastamos a vida no material, perdemos a vida em anos! Devia estar a trabalhar, é certo, contu...